Estilos de pregação são distintos no campo homilético; formas de
pregar são variadas num universo de oportunidades e em cenários e
ambientes distintos; de forma que cada pregador apresenta peculiaridades em sua
maneira de apresentar um sermão bíblico – isso tudo é comum em nossas
reuniões e eventos – só que o pregador não pode comprometer a aplicação da mensagem por conta de seu estilo.
Em contrapartida, existe preferência por parte de quem escuta a
pregação – e há alguns que preferem uma mensagem mais bem elaborada,
encorpada com teor bíblico; outros de uma exposição mais espontânea e
emotiva e ainda aqueles que gostam do “movimento”, de pregadores que
gritando ao microfone “quebram tudo”, pois o que conta é o “reteté” que
na compreensão destes é sinônimo da manifestação do poder de Deus.
Antes, preciso esclarecer que eu não tenho nada contra
palestras bem humoradas, em anedotas “evangélicas” que se margeiam pelos
limites do conveniente; em ilustrações que apesar de cômicas
não saem dos trilhos da seriedade – pois o que deve se destacar é a
mensagem cristã. Também não curto pregadores que parecem “espalhadores
de medo”, expoentes de uma “mensagem carrancuda”, eloquentes das
sentenças divinas – que não apresentam remédio, muito menos salvação e o
céu – gente que fazendo uso da Palavra fere o auditório, envergonha
determinados ouvintes e expõe ao ridículo em ajuntamentos públicos
certos casos já conhecidos pelos presentes – isso não é pregação do
Evangelho, é absoluta falta de bom senso!
Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse (Jr 23:31)
Feitas as minhas considerações, a reflexão em curso mira em outra figuração homilética bem apreciada em nossos dias – as pregações “cheias de graça”.
Mas, não são cheias de graça no sentido de serem carregadas de dons,
favores ou dádivas de Deus – são “cheias de graça” por que são
engraçadas, porque muitas igrejas promovem, por que fazem a gente rir de
montão e como programa de fim de semana é melhor que qualquer stand-up
comedy porque é gospel! É impressionante como esse estilo de pregação
consegue atrair a atenção do auditório que absorto não perde nenhum
gracejo do “hilariante-pregador”. Alguns irmãos choram de tanto rir, e a
congregação que deveria ouvir a Palavra do Senhor em reverência,
descamba numa frenética casquinada, pois frente ao que o pregador
sugestiona o santo tornou engraçado, o sério foi despojado de sua
rigidez necessária e o templo tornou-se numa casa de humor
(chocarrices).
O meu corpo estremece diante de ti; as tuas ordenanças enchem-me de temor (Sl 119:120)
Na verdade, não há motivos para risadas pois estamos diante
de um circo de irreverências; frente a seguidas violações da “casa de
Deus”, diante de homens que fizeram da pregação um show e do
templo um local de espetáculos. Não existe justificativa ou argumento
que me convença do contrário pois a falta de temor no que se faz e no
que se fala em muitos púlpitos é a manifestação mais escancarada de
profanação! Estamos sacrificando porcos no altar reservado aos cordeiros
ao ceder nossas tribunas sagradas a “pregadores cheios de graça” que
ministram sob as vidas de muita gente “sem graça” e que apesar do riso,
da comédia e do humor, continuarão sem receber a verdadeira graça de
Deus. Amados, igreja não é lugar de piada é lugar da genuína Palavra de
Deus; é local santo e de reverente adoração a Cristo; é ambiente privado
à espiritualidade – é também ambiente da manifestação do Santo
Espírito!
Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza (Tg 4:9)
Depois dessas reuniões “cheias de graça”, o povo volta pra casa com o
humor em alta, mais leves de suas tensões – pois riram à vontade; e o
tal pregador passa a ser mencionado como “aquele pastor engraçado”,
indicado inclusive a outros que não foram à reunião das piadas e das
encenações cômicas, onde o “comediante-pregador” com um tom de voz que
remetia à alguma imitação brincalhona – fez todo mundo achar graça do
sermão apresentado. Estamos diante de um modismo perigoso e
pseudo da pregação do evangelho; estamos dando ao povo o que eles querem
e não o que precisam. Nunca encontrei uma mensagem cômica de
Jesus, Paulo, Isaías, Daniel, João Batista e muito menos de Deus em
qualquer parte da bíblia falando ou revelando-se de forma engraçada – e
essa meus irmãos é a característica da pregação cristã, pois é uma
pregação séria, tratando de assuntos sérios e revelando um Deus que
jamais brincou no que disse e fez.
Que Deus ilumine nossas mentes e corações e que nossos líderes sejam
mais criteriosos ao convidarem certos pregadores para nos trazerem as
mensagem de Deus expostas na bíblia.
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