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Reflexões acerca do mundo cristão.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

IGREJAS COM MUITO E TEMPLOS COM POUCO 2

Existem igrejas abastadas financeiramente que submetem seus membros a uma miséria congregacional. Do ponto de vista estrutural alguns templos de melhor dotação orçamentária não têm sequer bebedouros adequados, os banheiros são ruins, o som é sofrível, o ambiente é abafado, a iluminação é precária, os assentos (bancos de madeira) são desconfortáveis, os ventiladores atrapalham o culto e falar em ar condicionado central é proibido. Tais igrejas oferecem a seus membros um serviço religioso inadequado e decadente se considerarmos o que estas instituições obtêm com a captação de tanto dinheiro advindo das contribuições.

Do ponto de vista experiencial essas igrejas indiferentes a qualidade de vida de seus mantenedores não valoriza aos que tanto se doam pela causa da instituição. Começa com o serviço de portaria e recepção que deixa a desejar, pois falta simpatia e até educação. A disposição dos bancos de assento é tão apertada que não se consegue passar sem esbarrar e sufocar a quem já está acomodado. Não oferecem sala ou culto infantil para que as crianças possam assimilar o Evangelho de forma adequada e dirigida e permitindo que os pais possam desfrutar de mais concentração para prestarem o culto racional. Os anúncios são desorganizados, ocorrem várias adições no momento da condução dos avisos semanais. A apresentação dos visitantes é tão desajustada que eles (os visitantes) acabam sentindo-se constrangidos ao invés de presença valorizada no ambiente. Os horários de término das reuniões são variáveis, prejudicam quem depende de ônibus ou tem que trabalhar muito cedo além de enfadar a assistência e afastá-la da igreja por falta de pontualidade. Em suma falta cortesia, compreensão, aplicação pelo bem coletivo além de cuidado e zelo com o patrimônio de Deus – as pessoas.

O que dizem os líderes desses templos desumanos e desatualizados de adequações estruturais e de convivência a seus frequentadores? A afirmativa que tentam encaixar é a de fundamentação bíblica para justificar o modo paupérrimo e desorganizado da casa de Deus que é administrada por eles. Alegam que Deus é Espírito e que não habita em templos bonitos e organizados feitos pelas mãos de homens (omitem propositalmente os templos inadequados e bagunçados), e desta forma o que prevalece na composição do argumento ensaiado é a espiritualidade do culto e não a estrutura física e a organização a favor da convergência de pessoas que prestarão o culto.

 Que bom se todos soubessem que o tabernáculo construído no deserto com ofertas voluntárias dos israelitas (Leia essas passagens deslumbrantes no livro de Êxodo do capítulo 28 a 35 pelo menos) era bem organizado, com medidas razoáveis, com mobiliário adequado, com utensílios requintados e com ministros vestidos a caráter (tudo sob a orientação detalhada do Senhor Jeová). Quem teve o prazer de contemplar o tabernáculo se encantava pelas cores, harmonização e significados ambientais. Ajudaria também se conhecêssemos sobre toda a história e composição dos melhores materiais aplicados na construção do templo de Salomão (2 Crônicas do capítulo 2 ao 7); na disposição daquele sacro ambiente, nos adornos esculturais que enalteciam a presença de Deus – tudo isso para deleite reverente e adoração conseqüente do povo de Deus – era uma honra estar dentro da suntuosidade daquele templo, o sentimento de filiação ao Rei do Universo seria instantânea.

A leitura bíblica literal do tabernáculo e do templo de Salomão é totalmente oposta à desses líderes que são hábeis gestores financeiros e exímios redutores de custos operacionais (essas competências não são más – o problema é quando o saldo desaparece com despesas convenientes a uma burguesia clerical). O tabernáculo e o Templo expressavam aos adoradores que o ambiente do culto comunicava a riqueza da pessoa de Deus, a ordem e a perfeição de Seu reino eterno - o ambiente precisa retratar Deus. Sentir-se bem na igreja denota completude do ser, envolve espiritualidade em instância primária, satisfação e conexão em plano espacial e prazer em caráter experiencial (Sl 84. 10) e essa é a possibilidade, contribuição e doação que a igreja onde congregamos precisa nos oferecer!

Você pode adorar a Deus num templo módico coberto com folhas de amianto sem ventilação adequada e com suor escorrendo pelo corpo se o contexto financeiro te impuser essa realidade – mas se não for esse o caso, peça uma melhoria à direção, os irmãos merecem. A igreja local precisa ofertar mais que reuniões regulares em templos apertados e sufocantes; oferecer mais que sermões exortativos em aparelhagem de som sucateada; necessita corresponder à nossa dignidade de servos de Deus, a nosso contexto social e econômico e à nossa boa fé. A instituição precisa, sobretudo reverter às finanças que compartilhamos por amar a Deus em benefícios à coletividade assídua do templo. Chega de arrancar lã, tirar leite e comer a carne das ingênuas ovelhas sem lhes oferecer ao menos um aprisco descente e pastagens verdejantes à nossa experiência dentro do templo no momento de cultuarmos ao Senhor (Jo 10. 1-5).

segunda-feira, 24 de junho de 2013

IGREJAS COM MUITO E TEMPLOS COM POUCO 1

Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor (Sl 122.1)

Não quero ser mal interpretado neste artigo. A razão desta exposição é lançar luz sobre uma questão intrigante que tem incomodado muitos irmãos e por isso mais uma vez recorrerei à fonte energética de meus artigos - a Palavra de Deus (2 Tm 3.16-17). Esclareço que as pontuações não generalizam todas as instituições religiosas, até porque nem todas com suas administrações procedem ao teor desta abordagem. O cerne da questão é que muitos cristãos estão saindo de suas congregações (inclusive crentes ligados a elas há décadas) por falta de sensibilidade pastoral, transparência e coerência religiosa quanto a arrecadações, despesas e investimentos ou falta dele em âmbito local.

Lamento que formas de gestão eclesiástica decrépita e insensível tenham navegado por oceanos de falta de percepção pastoral e planejamento administrativo. Direções ancoradas em atrasos injustificáveis e nada transparentes gerando com isso enfrentamentos com membros locais. Vivemos em um tempo em que quando os filiados percebem que o comunitário não tem mais o óbvio sentido de bem comum e que a falada unidade da igreja é só mais um discurso conveniente a uma mascarada oligarquia bispal - um pavio de murmurações é aceso no meio da congregação e algo como um barril de insatisfações explode lançando crente pra tudo quanto é lado nas igrejas da adjacência; caem naquelas que oferecem melhores condições de congregar.

Muitos líderes e pastores carecem refletir sobre a vida da igreja enquanto comunidade local sob os prismas bíblico, histórico e contextual. Menciono a fundamentação bíblica e história porque conhecê-las é ter uma diretriz segura sobre o que foi o que é e o que pretende a igreja enquanto agência do Reino de Deus (Mt 16.18; At 5:11; 11:26; 1 Co 11:18; 14:19, 28,35; Ef 1:22; 3:10, 21; 5:23-25 27,32; Cl 1:18, 24; 2 Pe 2.9-10). O enfoque contemporâneo precisa considerar os aspectos: pessoal, social e espiritual. Pessoal porque a igreja é formada por pessoas e negligenciar suas necessidades com base na Palavra é uma omissão de realidades eclesiológicas (At 6.1-4; Gl 6.10). Social porque desconsiderar o perfil do tipo de gente (cultural e financeiramente) que congrega na igreja é um erro estratégico e posicional (Tg 2.9). Espiritual porque a igreja precisa fornecer um ambiente próprio ao desenvolvimento de espiritualidade (e não me refiro só à liturgia), um local agradável e prazeroso contribuirá para a enlevação transcendente da congregação (2 Cr 7.15-16; Ec 5.1; 1 Co 14.26).

Nesse novo tempo pelo qual atravessa a igreja evangélica brasileira não dá mais pra aceitar cobranças por dízimos e ofertas sem ao menos existir prestação de contas e algum retorno para o bem comum da congregação. Há pouco tempo atrás as necessidades temporais da obra resumiam-se a pagamentos de despesas como aluguéis, salários, encargos sociais, energia elétrica, água, telefone, material de limpeza e higiene – mas a nova e a renovada consciência cristã considera essas “saídas” muito poucas frente ao tanto que as instituições religiosas pedem e arrecadam. É verdade que o problema agravado em que membros embalam manobras de evasão de algumas igrejas tem mais a ver com dificuldades de gestão (má liderança e administração) do que com a conceituação e aplicação eclesiológica de seu funcionamento e manutenção. Estou dizendo que os irmãos não querem deixar de contribuir com a obra – o que desejam é que haja uma retribuição da instituição em melhores estruturas e condições de culto e serviço cristão.

Assistência fraterna e social, obra missionária, caravanas, cantinas, construção de templos e tantas outras necessidades estão fora do objetivo-foco dos dízimos e campanhas de ofertas de muitas igrejas - é tudo por fora por conta dos sobrecarregados contribuintes. Não sai da tesouraria dinheiro nenhum a não ser para as despesas enxutas da igreja e para as benesses pastorais. O evangélico no Brasil sofre pela alta carga tributária imposta pelo governo e também por um jugo ofertório determinado por algumas instituições religiosas de confissão evangélica – para vergonha nossa. Se existe correspondência cristã na prática do segundo mandamento ela não acontece em regra geral pela instituição que se proclama igreja, mas pelos irmãos com suas ofertas avulsas. A justificativa é que a instituição já tem seus custos elevados e não pode ajudar – não tem como oferecer auxílio de alimento, abrigo, agasalho ou qualquer suporte material (Tg 2.14-17; 1.27). O discurso é bonito, mas não convence!

Artigo com continuação, aguarde...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

OS EVANGELHOS DE PRATELEIRAS!

        Não é comum o cunho “evangelhos de prateleiras”, sua expressão obviamente não faz sentido quando a alusão retrata as Boas Novas de Cristo. Mas quando orações, canções, profetismos, visões, pregações e publicações de arrojos que massageiam o ego humano são apresentadas como mensagens espirituais e bíblicas (Cl 2.18); lamento dizer aos que “compram” essas meias verdades nas gôndolas dos mercadores de plágios da revelação bíblica que estão levando gato por lebre (porque geralmente são vendidas, não vem nada de graça desse mercado que atende a pedidos feitos pelo homem). 

        Neste segmento de vendas dirigidas ao povo cristão existem muitos embrulhos de heresias de perdição ao invés das desejadas bênçãos celestiais (2 Pe 2.1-3). O regente deste mundo construiu um supermercado de falsas promessas e arquitetou enganosas orientações à cristandade. Esse sistema maléfico vende o que não tem pois promete favores de Deus aos que com dinheiro, cheques, cartões de crédito, permutas e cortesias compram o produto oferecido nestas promoções aparentemente espirituais. Têm muita ingenuidade e por isso muitos irmãos acabam entregando parte de seus rendimentos aos disfarçados ministros do também deus do próprio ventre (Fp 3.19).

Notabiliza-se um absorto comércio que mercadeja até o intangível (promessas, milagres, solução de problemas e até unções de enriquecimento). Tais enunciados nada mais são que sorrateiro marketing aplicado à vendas. Idéias de homens que aglutinaram má fé, ganância e esperteza (Fp 3.18-19) frente à carência da multidão de professos de uma fé infundada de bíblia, caracterizada por inexperiência infantil (1 Co 14.20) e movida pelo sensacional triunfalismo das novidades espirituais que os faz andar de um lado para outro expondo-se a todo tipo de falsas doutrinas e modismos tresloucados (Ef 4.14).

                Existe uma perda de identidade cristã por conta desse mercado de pertinências e tendências do mundo gospel; afinal, são muitas as prateleiras de evangelhos dirigidos a gostos e preferências pessoais. Sermões desenvolvidos por “pregadores vendedores de fantasias espirituais”, hábeis em abordar o que gostamos de ouvir e com suas frases de efeito misturam o fermento comprado pela massa de crentes deste panelão de fé misturada com os açúcares e sabores de um idealismo humanista secular. Verdadeiramente o deus deste século cegou aos incrédulos de tudo e aos crédulos em qualquer coisa (2 Co 4.4).

Utilizei termos do próprio meio comercial e de marketing como: tendências, preferências, clientes e mercado, pois o que existe nos meandros da igreja evangélica brasileira é um grande negócio que enriquece muita gente e que ao mesmo tempo empobrece milhões de verdadeira espiritualidade e de dignidade cristã. São muitas as seções com os evangelhos de prateleiras contendo revelação extra-bíblia e até anti-bíblica na maioria dos casos. Tem auto-ajuda pseudo cristã, seminário de regressão, descarrego emocional, terapia espiritual, publicação escatomaníaca, satanalogia fóbica, maldição hereditária, mentalização afirmativa, confissão positiva e muitos outros “produtos para cristãos” que cegam, escravizam e até matam.

                Há uma inversão de posicionamento quanto à autoridade bíblica. Ao invés de submissão à Palavra de Deus, sujeitam e tentam condicionar as Escrituras a seus próprios comportamentos mesmo que estes sejam condenados pela Palavra (2 Tm 2.1-9). Seguem um evangelho encomendado que se condensa com impiedade; escutam pregações que se conformam com as obras da carne (Gl 5. 19-21). Aplicam-se a ensinos ideológicos e ilógicos dos empresários da fé que arrumam ao “crente moderno” uma vida comumente secular, objetivamente capitalista e necessariamente consumista garantindo com isso muito dinheiro aos que vendem essas indulgências modernas.

                O Evangelho não é produto elaborado para nossa satisfação como consumidores (Gl. 1.11; 1 Co 1.18); antes é a boa nova de salvação para nossa transformação de vida (Rm 1.16). Inclui abandonar o que é pecado e nos apegarmos ao que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso e valoroso (Fp 4.8-9). Viver o Evangelho da Cruz requer sim uma escolha pesada e radical sustentada por fé em Jesus Cristo; sua experiência não se dá pelo ato de compra e venda, mas sim pela graça de Deus (Ef 2.8) e pela decisão da renúncia do antigo modo de vida e da abnegação de caminhar até ao fim seguindo e servindo a Cristo (Mt 16.24).

Não freqüente mais essas prateleiras e balcões lotados de meninices, heresias, mentiras, blasfêmias e sacrilégios. Expulse os vendedores de kits de bênçãos de seu tabernáculo espiritual (Jo 2.16). Utilize o azorrague do bom senso e do equilibrio espiritual contra esses irreverentes cambistas que se infiltram na vida evangélica com suas facilitações de culto e adoração (Jo 2.15). Cerceie sua relação com essa banca de curandeiros de mentira e com essa quitanda de profetas exímios em fazer média com homens – para vender suas visões imaginárias. Irrompa contra esse sistema de armazéns comerciais à custa do cristianismo, pois são enganações e deformações teológicas. Sai do meio dele povo de Deus; do mercado da fé e dos evangelhos de prateleiras e voltemos ao Evangelho da Verdade (Ap 18.4; 2.1-7; Jo 8.32).

quinta-feira, 6 de junho de 2013

E AÍ VOCÊ ASSISTE TV COM SEUS FILHOS?

Depois que você se torna pai muitas coisas mudam na vida do casal e nas rotinas do lar. Dentre tantas vou falar sobre uma: assistir televisão.  Por conta dos filhos pequenos a gente passa a acompanhar muita programação infantil, muita mesmo. Em minha casa existe uma censura quanto ao que podemos assistir em família (minha esposa é quem cuida disso, inclusive ela não assiste mais novelas e eu as sessões da câmara de vereadores de Guarapari – não é brincadeira eu assistia mesmo; o menino é que não me permite – afinal as sessões só tratam do que é para o bem de minha cidade).

Eu sempre tive preferência por programas evangélicos, jornalísticos, documentários, política, economia e alguns filmes; mas depois que meu filho nasceu e cresceu um pouquinho, zapear ficou complicado. O interessante é que na medida em que fui me envolvendo conscientemente com essa “cultura infantil difundida pela TV”, percebi que há canais com programação diferenciada para nossos filhos. Isso mesmo papai e mamãe, aqui escreve quem analiticamente acompanha à prole em seu entretenimento.

Em minha casa encaramos como uma missão telespectadora de acompanhar, orientar e instruir nosso filho sobre o que ele assiste e ouve da TV. Respeitar a classificação indicativa, estabelecer padrões seletivos e permitir o que os filhos podem ver ou não na televisão é responsabilidade dos pais. É falta gravíssima entregar o controle da TV aos pequenos e abandoná-los na sala ou no quarto para assistirem o que quiserem – é omissão irresponsável por parte de quem tem o dever de zelar e cuidar pela doméstica educação infantil. Televisão influencia até crente adulto que não vigia quanto mais uma inocente criança.

Não se enganem, há desenhos infantis mais carregados de paganismo, ocultismo, invocação de demônios, mensagens subliminares, incentivo à violência e culto à vingança do que muitos seriados, filmes e novelas. Sem demonizar a TV ou espiritualizar tudo o que se deve fazer em casa, televisão e internet quando absorvem muito do tempo e da atenção de nossos filhos (se isso acontece em sua casa deve ser porque eles não estão recebendo a devida atenção familiar); como precaução devemos nos aproximar e acompanhá-los de perto a fim de conhecermos o que estão vendo e assistindo.

Bom exemplo é o que precisamos fornecer aos nossos filhos em casa. Vamos ensiná-los a orar, a ler a bíblia, a freqüentar à EBD e aos cultos. Mas também sejamos humanos, normais e, sobretudo bons cristãos. Tem crente que proíbe e acredita que seu filho não assiste TV, não seja ingênuo – estamos no século XXI. É melhor orientar e influenciá-los pela tutela de uma formação cristã do que privar-lhes do óbvio e lá na frente perde-los para o mundo. Então se for preciso, para o bem de seu filho – ASSISTA TV COM ELE, VEJA O QUE ELE VÊ!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O PODER QUE CORROMPEU MUITOS LÍDERES!

Escrevo este artigo para realçar uma triste realidade em que funestos governos eclesiásticos através de seus “pastores feudaisempurram goela abaixo de seus liderados tolhidos e sugestionados - um sistema de mesmices e descalabros; uma cultura de exploração e de extrapolação de direitos sob disfarçada forma religiosa (não é boa religiosidade, pois em sua ligadura há uma mistura carnal e maligna). Quando um suposto “líder” usa dos meios de sua influência para obter fins de proveito próprio, temos então a caracterização de abuso de poder. E todos nós sabemos que isso ocorre dos piores modos em denominações evangélicas, convenções de ministros; ministérios locais e igrejas.

A aplicabilidade do termo “poder” em sua variada semântica denota autoridade, domínio, controle, influência e até imposição. Os homens em suas diversas organizações necessitam de governo equilibrado, boa liderança e mansa voz de comando. Na democracia a indispensabilidade da ordem e do progresso está intimamente ligada ao exercício do poder por um indivíduo ou instituições que assegurem a detenção e equilíbrio do mesmo. A igreja não é uma democracia, mas em alguns sistemas que beiram o congregacional (como nas Assembléias de Deus), os membros têm voz ativa e participam do exercício deste poder de conduzir a igreja para o seu melhor nos aspectos espiritual, administrativo e social.

Por conta do pecado há inculcado nos recônditos da natureza humana uma aspiração pelo poder a qualquer preço; só nos libertamos desta introjeção quando Cristo torna-se o Senhor de nosso eu. Lúcifer perdeu sua posição original porque também se deixou corromper pelos devaneios do poder. Para exemplificar a reflexão, permita-me descrever-lhes uma pequena e pertinente estória.

Numa produtiva reunião de obreiros locais, o mais audacioso dos pastores da pequena congregação percebeu que os seus posicionamentos intrépidos exerciam influência sobre a vida de outros obreiros do pequeno ajuntamento. A simples descoberta despertou-o a perspicazmente incubar um futuro sistema de autoritarismo, cabresto ideológico e ditadura religiosa através de suas mensagens e instruções. O esperto demagogo em seu projeto de agregação portava-se como um líder imediato, arrojado e promissor para o futuro da comunidade.
O tempo passou e a congregação cresceu. O sutil pastor do próprio ego conseguiu convencer os irmãos a pedirem a emancipação eclesiástica. Assim; enfim alcançou os intentos de sua maior ambição pessoal – tornar-se o pastor presidente da nova igreja sede. Na medida em que a tenra matriz desenvolvia e expandia-se através de suas congregações emergentes por todos os bairros da cidade; ardilosamente um esquema calculista de perpetuação no poder era dissolvido no estatuto e regimento interno da recente igreja matriz que naqueles dias experimentava uma verdadeira ebulição espiritual.
O calendário é ininterrupto e em poucos anos a dita “presidência da igreja” extinguiu as assembléias de membros e suprimiu bastante as reuniões de obreiros, de forma que as decisões mais importantes estavam subordinadas ao famigerado administrador da igreja. As cavilações, vaidades e costumes do “dono da igreja” tornaram-se padrão de vida para os membros. Sua arrogância foi assimilada como unção, sua presunção como autoridade e seu disfarçado e engenhoso plano de poder como visão ministerial avançada.
Uma tirania dominou o prelado espiritual (de espiritualidade nada mais lhe restava) que no desequilíbrio de seu comportamento de imposição e sem medir conseqüências massacrou a “chamada oposição” que não se curvava frente ao cetro de sua descabida monarquia de autoritarismo. Ou todos eram vassalos de manobras ou prisioneiros de uma masmorra de depreciação espiritual – não havia pra onde correr e muito menos como escapar.
O bispo do poder em sua posição marcial fez com que diáconos, presbíteros (cargos locais) e até ministros (evangelistas e pastores) fossem depostos de suas funções e os últimos relegados a meros ocupantes das cadeiras do púlpito – já que não tinham oportunidade para mais nada. Pelos retrovisores do tempo a imagem do outrora pastor arrojado foi encoberta por uma poeira de ganância e por uma avidez pela supremacia que culminou em um tipo cruel de ditadura eclesiástica.
No fim da estrada, a carruagem daquele pretenso pastor chegou a seu castelo de ideais maquiavélicos e de arguta estratégia, cujo propósito era o de enfraquecer o corpo de obreiros e controlar o ministério através da convergência de poderes centrados na autoridade do patriarca da igreja sede. A cultura enxertada pela ditadura do “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, configurou uma igreja não senhora de si mesma, subordinada a um tipo de subserviência que aceitava e aplaudia o déspota e arrogante proprietário daquele engenho eclesiástico.

Encerro a breve exposição declarando que freqüento uma igreja que tem seus problemas. Com certeza deve ter gente lá insatisfeita com a administração e etc. Mas posso assegurar-lhes que como poucas igrejas evangélicas bem organizadas e doutrinadas, a minha igreja mantêm reuniões de membros, apresenta relatórios de suas operações, discute com sua membresia e quadro de obreiros suas principais e inevitáveis decisões. Quero crer que a postagem seja útil no despertar de consciências para uma igreja local forte, soberana e livre para servir a Deus sem paredões de egoísmos episcopais.