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Reflexões acerca do mundo cristão.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

REFLEXÃO SOBRE A VIDA DA IGREJA EVANGÉLICA

Penso que enumerar problemas eclesiásticos, listar falhas de lideranças evangélicas e filtrar desvios doutrinários é interessante e proveitoso para quem quer alertar e precaver leitores sobre estes pontos. Mas numa boa; vivemos um tempo difícil sobre vários aspectos ligados à emblemática Igreja de Cristo, onde o simples apontamento não resolve.

Os desdobramentos da eclesiologia neotestamentária sobretudo, alicercam-se sobre duas posições quanto a formação da igreja:

A) Igreja universal (em suma), o corpo místico de Cristo que segundo a doutrina da ressurreição e do arrebatamento é composta por todos os santos de todas as épocas (mortos e vivos) que comporão a grei de Jesus no rapto de seus remidos.

B) Igreja local, grupo de cristãos de um local (lugar, cidade, bairro etc) que através de uma concordância doutrinária, de governo e fraternidade formam uma congregação do lugar (denominações).

A Igreja de Cristo é fruto do plano redentor de Deus e do Evangelho transformador de Jesus aos homens. A eclesiologia é emblemática simplesmente porque entrelaça-se com outras doutrinas fundamentais como: salvação, antropologia (doutrina do homem) e escatologia.

Que o resultado final da caminhada de todo crente fiel é a integração nesta triunfante igreja universal, todos sabemos - e não há o que discutir. O que me preocupa é a representação que a igreja local tem feito da verdadeira igreja de Cristo.

UNIDADE. É impossível pensar em unidade entre as igrejas evangélicas na atual conjuntura religiosa. No entanto o surgimento de denominações dentro do cristianismo foram necessárias ao longo da história para proteger e manter a verdadeira igreja do corrompido sistema que se dizia igreja. O que as denominações não podem fazer é isolar-se do corpo de Cristo (as outras igrejas evangélicas que também pregam o verdadeiro Evangelho). As denominações não podem desenvolver um céu denominacional; e nem produzir uma eternidade rendida à correntes teológicas. Nenhum cristão autêntico deve permitir que sua igreja local o faça assumir uma postura de herético (detentor de verdades exclusivas e que quem não faz parte do grupo está perdido). Nos rumos atuais é mais fácil um ecumenismo entre igrejas evangélicas com outras não protestantes do que um entendimento entre os que se dizem seguidores de Jesus pela simples ausência do verdadeiro amor cristão.

DOUTRINA. Os fundamentos bíblicos que caracterizam as boas igrejas locais, perderam seu valor frente aos novos posicionamentos da pós-modernidade. Não que a fé cristã exclua a razão humana totalmente; mas, existem valores e premissas que não podem ser negociados ou postos de lado frente à essa geração do aquí e agora. A impressão que se tem é não existem muitos rebanhos; mas muitas tribos. Não são bases bíblicas que definem pra muitos cristãos se a igreja local é boa ou não; mas, se lá a pessoa se sente bem, do jeito que está; de acordo com seus pensamentos (ainda que infundados da Palavra).

DINHEIRO. É bem verdade que criaram um "evangelho alternativo" virou um grande negócio. A interpretação clássica de que não se pode servir a Deus e Mamon no momento carece de mais enfoque. A aplicação feita a homens materialistas que primam pelas riquezas a despeito dos verdadeiros valores, geralmente não é feita para pessoas que estão supostamente nas fileiras da fé cristã. O que a Biblía define como avareza e coisas da terra; muitos readaptaram os conceitos bíblicos numa espécie de "teologia da prosperidade" que aparentemente se coadunam com essa perspectiva humanista e terrena de gozar a vida (aquém das promessas de Deus para este tempo do fim); e que também sustentam esse verdadeiro comércio evangélico.

AVIVAMENTO. Há escandâlos de toda natureza nos arraiais cristãos. E sinceramente, mesmo que o contigente evangélico no Brasil seja estatísticamente significante, sua influência social é muito pequena. Mas, a questão mais determinante na minha opinião é a espiritualidade da igreja evangélica brasileira que está desequilibrada  por posicionamentos isolados, desvios doutrinários, mentiras com roupagens de verdade, trapaças financeiras e armações políticas dentro dos âmbitos da igreja local. 

Eu acredito piamente que frente a um quadro tão desanimador como este; temos pelos menos três coisas a fazer: 

1) É preciso manter a posição pessoal de díscipulo de Jesus Cristo e cultivar uma vida cristã nutrida pela ligação com a videira verdadeira e consequentemente produzir frutos que por si mesmos expressem nosso compromisso com Jesus.

2) É preciso manter acessa a esperança do cumprimento iminente da maior promessa dada pelo Senhor à seu povo - a sua volta breve. É preciso ser parte do corpo místico de Cristo, da assembléia dos santos.

3)  É preciso estabelecer um clamor contínuo por um avivamento espiritual que mude os rumos de nossa eclesia local com poder e transformação; que atravesse nossos muros denominacionais, que alcance os perdidos e que impactue a sociedade com o verdadeiro Evangelho.

Assim, percebemos que há um caos evangélico que só pode ser mudado com uma verdadeira posição pessoal frente à vontade de Deus e uma entrega pela causa do Senhor nesta terra. Não cabe alienação e nem muito menos espiritualizar tudo. É preciso posição consciente, e sobretudo fundamentada na Bíblia de forma que se o Senhor não vir hoje, estaremos fazendo a nossa parte como igreja e como discipulos de Cristo.

Que o Senhor continue nos abençoando.

Sílvio